DEMOLIDOR RENASCIDO | O EGO DE KEVIN FEIGE AGINDO AUTOMATICAMENTE
- Vagner Francisco
- há 1 dia
- 4 min de leitura

Quando a série do Demolidor chega na Netflix, em 2015, como ponta de lança de um combo de novidades que a major do streaming estava promovendo, Kevin Feige não tinha ainda as rédeas de todo o MCU, uma vez que não era o CEO da Marvel Studios.
E a parceria com a Netflix fora feita com a Marvel Television, encabeçada por Jeph Loeb, experiente roteirista de Hollywood - cujos serviços prestados incluem parte da escrita de Comando para Matar, por exemplo.
Loeb também fez sucesso nas HQs, tanto da Marvel quanto da DC; logo, fazia sentido tê-lo à frente do departamento.
Acontece que, não demorou muito para começar a surgir um estremecimento na relação dele com Feige e, parece, que havia uma queda de braço ali.
Quando Feige faz sua jogada de mestre em Capitão América: Guerra Civil, ele não apenas carimba sua promoção para CEO do MCU como também se livra da concorrência, destituindo Loeb e trazendo a Marvel Television para o seu guarda-chuva e, depois, extingue o selo - que voltou agora, no Disney+, mas sob a sua batuta. Feige não vai dar esse mole---

Entretanto após ser empossado como CEO da Marvel, qual foi o grande trabalho de Feige? Nenhum.
Viúva Negra foi lançado direto no streaming por causa da Pandemia, o que causou a ruptura com sua estrela Scarlett Johansson.
Shang-Chi e Eternos empataram orçamento versus bilheteria e Guardiões da Galáxia 3 e Thor 4 tiveram êxitos, enquanto Homem-Formiga 3 e As Marvels naufragaram vergonhosamente.
Deadpool & Wolverine foi o grande sucesso, porém longe de ser um bom filme e também distante de ser um "produto Kevin Feige", mas muito mais uma produção de Ryan Reynolds.
Particularmente falando, minha produção preferida de Feige, sob sua total batuta é Falcão & Soldado Invernal. A trama é muito bem construída e, embora tenha falhas, consegue segurar uma história do Capitão América, sem ele de fato - sim, eu sei o que John Walker assumiu o manto, mas foi tão rápido que nem conta.
E chegamos a Demolidor Renascido.
Você vê que houveram diversas mudanças desde o anúncio do retorno da série até à chegada em Disney+. Até mesmo a atriz que interpreta Vanessa havia sido substituída. Em dado momento, o retorno do elenco original seria provisório, pois as mortes de Foggy Nelson e Karen Page estavam decretadas - se você está assistindo, já sabe que essa informação se mostrou parcialmente correta.
Matt Murdock segue sua vida, mais uma vez abandonando o uniforme de Demolidor porque percebeu não fazer sentido atuar como um super-heroi, pois atraia para si, e para os seus, muito perigo e ameaças. Claro que essa decisão não irá se manter por muito tempo, porém agora outras pessoas que conhecem sua dupla identidade lhe pedem que ele mantenha o Demolidor aposentado.

O problema é que Matt fez isso nas temporadas 2 e 3, pela Netflix e lá, já foram decisões idiotas, para dizer o mínimo. Num determinado momento, na segunda temporada, cego [eu sei---] de amor por Elektra, Matt parece encarar sua atuação como Homem Sem Medo como um fardo. E na terceira, ele volta às suas origens, atuando com um uniforme de tecido preto, pois "abandonou" o traje de Demolidor.
Nesse sentido, é um retrocesso, mais uma vez, Murdock abrir mão do Demolidor porque algo grande demais aconteceu. Não faz o menor sentido, para dizer a verdade.
Enquanto isso, após ser humilhado na série do Gavião Arqueiro, Wilson Fisk precisa seguir adiante e decide se candidatar à Prefeitura de Nova York. E essa ideia talvez seja a única realmente boa até aqui.
Porque, como a maior cidade dos EUA elege um criminoso como seu Prefeito? Como Fisk consegue ser eleito? Claro, graças ao roteiro.
Entretanto, a forma que isso é construído se mostra interessante.
Só que, estamos falando de Kevin Feige; estamos falando de ego! E aí, entra o grande problema: Wilson Fisk é traído pela esposa e vai fazer terapia de casal. Com a nova namorada de Matt Murdock! Sim, as coincidências!
E, embora seja ainda a melhor coisa de Demolidor Renascido, o intérprete de Fisk, Vincent D'Onofrio, dá sinais de cansaço devido a um enredo tão ruim! Diálogos sofríveis! Ideias pífias.
Há momentos em que temos a impressão de estarmos assistindo a Invasão Secreta, tamanha a chatice de tudo.
Se você já assistiu a Suits e O Poder e a Lei, sente uma vergonha alheia do tamanho de um jegue quando está diante do Julgamento do Tigre Branco e vê um Matt Murdock despreparado e até meio desequilibrado, para dizer o mínimo. Não poderiam ter feito uma trama melhor?
Há tantas perguntas que vamos nos fazendo no decorrer do processo que temos a absoluta certeza de que seria melhor encontrar outro advogado para defender Hector Ayalla, o Tigre Branco.
O episódio cinco, uma espécie de interlúdio, se passa totalmente num banco, que está sendo assaltado. É interessante.
Mas você sente falta de outros personagens. E as cenas de luta são pueris. Matt quase não consegue vencer um assaltante. Fica difícil.
E, quando chega a hora de Muse entrar em ação, bem, mais uma vez, ele escolha a namorada de Matt como a grande vítima! E, para piorar, sequer é o Demolidor quem para Muse. Ele não consegue parar ninguém.
Tudo é muito ruim, bobo e desqualificado.
Até aqui, Kevin Feige vem mantendo a sua missão: destruir todo o universo Marvel.
Está conseguindo.
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