A MORTE DE VAL KILMER
- Vagner Francisco
- há 15 horas
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A causa da morte foi pneumonia, porém o ex-astro de Hollywood enfrentou - e, aparentemente, venceu - um câncer de garganta há mais de 10 anos. Claro, essa vitória lhe custou a voz, o que lhe fez se aposentar da carreira de ator.
Kilmer ficou conhecido como Iceman em Top Gun - Ases Indomáveis, de 1986, um filme com roteiro sofrível, um protagonista que não acerta em nada, mas com uma trilha sonora marcante e a química entre o casal central perfeita.
Cinco anos depois e ele encarna Jim Morrison, em The Doors, filme sobre a vida do icônico astro do rock e sua banda. Dirigido por Oliver Stone - que o reencontraria anos depois em Alexandre; e com Meg Ryan - a mãe de Jack Quaid - no elenco, The Doors mostra exatamente o início da banda até ao seu final, com a morte prematura de Morrison, aos 27 anos. Particularmente, eu não gosto do filme.

A partir daí, a carreira de Kilmer embala ele entrega uma interpretação impagável - e invisível - de Elvis, em Amor à Queima-Roupa; uma atuação ímpar como Doc Holliday, em Tombstone - A Justiça está Chegando; Bruce Wayne em Batman Eternamente; o ladrão-galã, Chris Shiherlis na obra-prima, Fogo Contra Fogo; Coronel Patterson em A Sombra e a Escuridão; Simon Templar em O Santo; a voz de Moisés na animação O Príncipe do Egito; um cego que recupera a visão em A Primeira Vista; um homem em busca de vingança em A Sombra de Um Homem; e um investigador tentando recuperar a filha de um politico sequestrada em Spartan - o último grande filme de sua carreira.
Talvez Caçadores de Mentes poderia encerrar essa lista, o que significa que o filme seja bom; mas a participação de Kilmer é tão pequena, que nem vale a pena.
Val Kilmer ganhou fama de ator difícil, principalmente após as filmagens de Batman Eternamente, de 1995, e A Ilha do Dr. Moreau, de 96. Em O Santo, de 1997, dizem, seu ego estava bastante gritante também. Então, era fácil vê-lo em rota de colisão com diretores e/ou colegas de elenco.
Em Batman Eternamente, dizem, ele apagou um cigarro no rosto do diretor Joel Schumacher; que ficou aliviado quando Kilmer decidiu não voltar para Batman & Robin, sendo substituído por George Clooney.

A Ilha do Dr Moreau foi um pesadelo em todos os sentidos, já começando com Marlon Brando, mexendo e remexendo na trama, querendo ganhar no grito como o filme deveria se tornar. Kilmer, ao perceber a barca furada que entrou, tentou ser demitido de todas as maneiras, mas não conseguiu; teve que ficar até o fim. Mesmo enfrentando John Frankenheimer, o diretor que não leva[va] desaforo para casa e deu a famigerada declaração a respeito dele: "Há duas na vida que eu não farei nunca; escalar o Monte Everest e trabalhar novamente com Val Kilmer".
Em 2000, ele quebrou o pau novamente com o colega de elenco, Tom Sizemore; o detalhe é que eles já haviam trabalhado juntos anteriormente, em Fogo Contra Fogo.
A homenagem em VAL
Sim, meu personagem, Val, foi batizado em homenagem ao ator. Na época de sua criação, em 2001, eu bolava um personagem meio fora da casinha, um fanman, leitor de Hellbrazer e Invisíveis, que enfrentava as chatices de quem via Batman como um ser humano, que poderia existir realmente.
Val era briguento e insuportável, beberrão e fumante inveterado, com um certo apelo perante as mulheres, para deixá-lo mais interessante.

Val carregava em tese a essência briguenta de Kilmer, embora eles não se parecessem fisicamente - de início, usei Hugh Jackman como arquétipo; depois passou para Mickey Rourke.
Kilmer chegou a namorar a super top model, Cindy Crawford, e essa ideia eu quase trouxe para o meu Val, com ele namorando uma atriz famosa; com o tempo, acabei seguindo por um outro caminho.
Agora, com sua morte, Val Kilmer deixa um legado de grandes filmes e interpretações viscerais, enterrando, de certa forma, a era das estrelas que partiam para as vias de fato com os diretores.
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